sábado, novembro 01, 2008

Podem parecer desajustados, mas não foram criados no computador

Texto: Lizandra Gomes
Fotos: -show: Bar Garage 570
-entrevista: Silvia Horta



Em Curitiba, no último dia 25, assisti ao show de uma das bandas mais reconhecidas da cena independente. Com suas roupas demodês, sapatos a la Jerry Lee Lewis, e o velho riff de guitarra mod (mesmo eles afirmando de pé junto que não são modes), vi de perto eles cantando “Metida demais”. Pra quem acompanha o rock alternativo sabe que estou falando dos curitibanos do Faichecleres.

O trio fez um show, pelo menos pra mim, histórico nesse dia. Em primeiro lugar porque fazia um ano que eles não tocavam em casa. Em segundo, quem abriu o show dos caras no bar Garage 570, foi a também curitibana Relespública, que não agradou muito com seu CD novo, moralismo demais, acredito ter agradado só o Greenpeace.

Mas outros fatores fizeram dessa noite especial, o ex-integrante Charles Britto, que teve que sair da banda em 2001 quando sofreu um acidente de carro, fez uma participação surpreendente. Segundo o guitarrista Marcos Gonzatto o combinado com Charles era para ele apenas tocar uma música, mas ele subiu no palco sem muletas, tocou três músicas e ainda deu um show de presença de palco quando deitou no chão e delirou ao som da sua antiga banda. “Foi como voltar no início da banda, lá em 1998, 1999”, comenta Marcos.

E por falar em integrante que teve que sair, o Faichecleres afirma para aqueles que achavam que a banda ia acabar depois da saída de Giovani Caruso, que continuam firme, fortes e produzindo. A saída do músico de início gerou um certo desconforto no grupo, Marcos Gonzatto até me disse que “ficou sem chão” com o anúncio de sua saída, mas que o Faichecleres para ele é um exemplo de superação. A entrada do contrabaixista Emidio Jorge em fevereiro, fortaleceu ainda mais a banda. Suas influências, seu conhecimento de harmonia, e o fato de tocar piano (sim, teve até piano no show) está ajudando a evolução do som da banda.

Mas falando em produção, a banda já está divulgando seu terceiro disco, que sai em março. No show que assisti em Curitiba, eles já tocaram algumas musicas desse novo álbum e me contaram em primeira mão o nome desse disco novo: “Uma noite daquelas”, que é também o nome de uma das faixas desse disco.

Em relação às novas musicas, percebi que eles não perderam o “charme” das letras típicas Faichecleres: “Ele gostou de ter duas namoradas”; “No final você vai se humilhar e vai pagar pra ver o meu show”; “Augusta me provoque, vamos brincar com a nossa sorte”, enfim, alguns chamam de machismo, mas todo mundo gosta, pelo menos eu adoro! Mas voltando a esse novo som, achei que as músicas estão com um toque mais pesado, mais inconseqüente, menos “The Who”. E o baterista Tuba me falou que o Faichecleres nunca foi mod “nossas influências são de músicas boas”. Por que será que todo mod não assume que é mod? Quem tiver a resposta me manda um e-mail.

Mas voltando ao novo disco do Faichecleres, como disse está um pouco diferente do que a galera está acostumada, segundo os meninos da banda eles estão em fase de evolução, mas “quem quer ouvir ‘Aninha sem tesão’ ouve o primeiro disco. Quem quer ouvir ‘Garotinha da mamãe’ ouve o segundo”, simples assim, explicou Tuba Caruso.

E além das novas canções da banda, durante o show fui surpreendida por versões das minhas duas bandas preferidas. A primeira do Júpiter Maça, eles fizeram um cover da música “Casalzinho pegando fogo”, e tenho que comentar que a platéia inteira pegou fogo nesse momento. Mas o que mais me deixou surpresa, foram as duas músicas que tocaram do AC/DC, esperava ouvir um The Who, nunca o hard rock dos australianos que não saem da minha cabeça. Mas depois conversando com Marcos Gonzatto, ele revelou que é um grande fã da banda e principalmente do saudoso vocalista Bon Scott.

Mas para finalizar a minha experiência com Faichecleres, tenho que repetir, é uma banda surpreendente. Para quem tentou me alertar dizendo que a banda não é mais a mesma, pode ser que sim, afinal dessa vez Tuba Caruso não lambeu minha orelha (já que, quando estiveram em Maringá, em entrevista ao Garagem, fui vítima de tal fatalidade). Mas diria que o Faichecleres ainda vai permanecer tão bom, tão rock’n roll como sempre foram, e quem sabe deixar seus passos na calçada da fama.

3 comentários:

MANGA disse...

Belíssimo post, retratando o momento atual da banda, que vem evoluindo e crescendo muito. Parabéns pelo texto conciso, observador, realista.

Anônimo disse...

Foda, heim!?

jebar437 disse...

Boa, Gomes!