quarta-feira, junho 17, 2009

Cash in Flowers, a novidade grunge da cena independente

Texto: Mariana Ferré

A primeira vez que assisti ao show do Cash in Flowers foi no festival de bandas independentes do Pub, no qual conquistaram o terceiro lugar. Mas como tinham muitas bandas, eu acabei não reparando nos meninos. Já na segunda vez foi diferente, no Tribo’s Bar, teve Cash in Flowers e Pearl Jam cover se apresentando. Com uma galera movida a rock’n roll não tinha ninguém parado. Ai sim, prestei atenção e gostei.
Cash in Flowers é uma banda relativamente nova, tem um ano e meio de formação, e está ganhando reconhecimento agora. Com Nelson Cancini (vocal e guitarra), Paulo Roques (bateria), Diogo Gomes (guitarra e backing vocal), Maycon Milani (guitarra e backing vocal) e Fernando Favaro (baixo) eles têm um bom entendimento com o público pela simpatia de todos.
E agora, eles estão a todo gás, participando de programas radiofônicos na cidade, fazendo shows tanto em Maringá quanto fora daqui e concorrendo na Garagem do Faustão. Os meninos não param.
Esses tempos atrás se apresentaram na casa de show “Ledslay”, uma das maiores e mais reconhecidas de São Paulo. No Tribo’s não foi diferente, eles vieram com influências de Silverchair, Beatles e principalmente Pear Jam em suas músicas próprias, que acredito que tem tudo para dar certo. Aposto em um futuro sucesso, especialmente, da música “Orange Day”. “Sabe quando somos crianças e todos os nossos brinquedos criam vida, nossos pais são como super heróis para nós e que tudo se torna da cor que queremos?”, comenta Nelson sobre a sensação que música deve passar, e particularmente, eu não conseguiria pensar em uma definição melhor.
No ritmo que a banda está indo e com a vontade que entregam no palco, não vai demorar muito para serem reconhecidos. Estarei acompanhando o passo desses rapazes e, pelo rumo em que as coisas vão, vou ter muito que falar.

segunda-feira, junho 15, 2009

Entrevista com o Vanguart



Como todo mundo sabe o Vanguart esteve aqui em Maringá no último dia 11 como atração principal do festival “Junho do Rock”.
O show no Calil Haddad durou mais de uma hora, e apesar do teatro não estar lotado, só ouvi elogios daquela noite.
Pois bem, no final do show eu (Lizandra Gomes), a jornalista Sarah Ribeiro, o fotografo Zuba Ortiz (programa Arquibancada) e a cinegrafista Mayara Gasparoto (companheira de Tocando o 7) fomos até o camarim dos caras bater um papo amigável.
Essa entrevista vai ser transmitida durante a programação da Rádio Universitária Cesumar (94.3FM) nessa semana. E as imagens feitas pela Mayara em breve estarão no You Tube. Vale a pena conferir.
Só lembrando que a entrevista aqui transcrita está sem censura e nem edição.


Gomes: Primeiramente, parabéns pelo show, foi muito legal...
Hélio: Ah, que bom. Você falando assim eu vou até acreditar.

Gomes: Vocês estão aqui pela segunda vez, como é voltar à Maringá?
Hélio: Pô, muito legal. A primeira vez a gente tocou era cinco da manhã, a gente nem lembra direito, porque ai você sabe, né?! Fica naquela espera ansiosa pelo show, quando você vê já ta bêbado.
E hoje não. Horário familiar e tudo. Olha a cara da rapaziada, que cara boa. Entendeu? Tomando água...
E.. Muito bacana, o público daqui é muito legal, o Paraná é fantástico. Como eu falei a gente é daqui, então a gente tem uma proximidade legal.
Reginaldo: A piadas foram terríveis. Não pediram bis, a gente que voltou.

Gomes: A primeira vez que vieram, eram uma banda independente, agora são assinados com a Universal, o que mudou com isso?
Hélio: Ah, eu acho que a gente foi crescendo aos pouquinhos assim, degrau por degrau, e a gravadora foi mais um degrau que a gente subiu.Hoje estar com uma gravadora já é diferente de antigamente, não quer dizer que você ganhou na loteria, nem ta feito na vida. É mais uma parceria que a gente tem com eles e ta sendo bacana, assim.
Hãã, no fundo mesmo, o que mudou não é nada, porque a gente continua com o mesmo sentimento na hora de subir no palco, de tocar, de fazer música, isso é o principal. As vezes quando as pessoas falam ‘Ah, vocês não são mais independentes’, a gente fala ‘Ih é memo, né?! Nem parece, a gente continua independente musicalmente.’

Sarah:Teve algum momento que vocês sentiram, “Ih, é agora, a gente vai estourar”?. Teve algum acontecimento? Ou não? Foi uma coisa natural?
Gomes: Semáforo talvez?
Hélio: Não, então, Semáforo...
Douglas: A gente não estourou.
Hélio: Éééé...Exatamente. Esse negócio de estourar é muito relativo. Acho que o mais bacana é que a gente não estourou, que a gente ta conquistando aos poucos essas coisas. Éééé, eu esqueci o começo da pergunta...
Sarah: Se teve algum ponto que vocês falaram que era agora..?
Hélio: Na verdade só tiveram pontos que a gente falou “E agora?! Fudeu!”
Reginaldo e Hélio (não dá pra identificar quem é quem): Na verdade era “E agora?!” não “É agora!”. “E agoraa?!!” (milhões de risos).
Hélio: A gente passou por vários momentos e acho que vamos passar por muitos ainda. E vamos nos questionar e falar, será que isso que a gente ta fazendo ta certo e tal?
E a gente sempre respondeu sem resposta. Tipo, vamos tocar e ver o que acontece e foi assim.
E sobre essa coisa do estourar foram passos devagarzinho que a gente vai dando.E a gente vir tocar num teatro como esse, sabe?! Ter pessoas ali... O teatro não tava lotado.. E... Estourou, estourou a banda. (Cai a carteira do David no chão, todos dão risada)
Hélio: E acho que pra gente é mais interessante tocar num teatro assim que nem tava tão lotado, mas que tinham os nossos fãs, pessoas cantando as nossas músicas e ouvindo, sabe?
Principalmente porque há três anos atrás, pra você ter uma banda pras pessoas ouvirem, era loucura, era suicídio. Tinha que ter uma banda pras pessoas dançarem, se mexerem e falar “Yeah, yeah, yeah”. E a gente conseguiu o mais difícil que é tocar e continuar tocando sem precisar falar alto e poder se dar o luxo de gritar só no bis.

Gomes: Em relação às composições, continuam as mesmas? Continua sendo Hélio Flanders no quartinho dele, escrevendo, compondo, gravando?
Hélio: Ééé, algumas, né?! Algumas eu componho com o Reginaldo, a gente tem feito muitas coisas juntos.
Gomes: Reginaldo que até cantou nesse show.
Hélio: É, a gente ta exigindo muito dele.
Reginaldo: A gente sempre fez coisas juntos. Mas em português... A gente sempre compôs em inglês juntos, e a gente ta começando a experimentar isso. Liberar isso na gente.
Hélio: Perdendo o medo. Mas assim, o sentimento é o mesmo. Se a gente tivesse em Cuiabá hoje... Pô, se passaram três anos, quatro anos, não estaria fazendo a mesma coisa. Então em São Paulo muito menos. A gente ta escrevendo pra ver o que acontece. O próximo disco vai ser uma surpresa até pra gente.
Isso que dá vontade na gente, “Pô, vamos ver o que vai acontecer” musicalmente falando aí.

Sarah: Vocês comentaram essa questão das músicas em inglês...Curiosidade particular minha, tem algum motivo para vocês comporem mais em inglês ou é gosto particular mesmo?
Gomes: Aliás, a banda de vocês é uma banda trilingue, né?! Compõem em inglês, espanhol e português...
Hélio: Na verdade somos uma banda poliglota, a gente também pratica o dialeto.
A gente também fala o dialeto cuiabano.
Hélio (em dialeto): Excrusives, eu vô responder essa no dialeto. É o seguinte, no começo a gente tocava em inglês porque era o som, intendi?! Fazia os sons que pedia, assim, entendi?! Grunhando, grunhando, quando via já tava pronto. Depois começamo a querê falá a língua da rapazeada, intendi? Né Davidi?! Davidi fala bem o dialeto.
David (em dialeto): Eu falo o dialéto, mas num, num me responsabilizo por ninguém nem nada, não.
Hélio (volta ao normal): Basicamente, no começo a gente tinha uma veia de folk americano, de Neil Young e Bob Dylan, que era muito grande. Então naturalmente, eu era moleque e estava escrevendo inglês. Isso é algo que mostra que o Vanguart nunca teve pretensões comerciais. A gente queria fazer música inglês, no quarto, ai “vamos fazer um showzinho”. Ai quando rolou “Semáforo”, a primeira música em português, ai eu falei “Ah, vamos embora, por que não?!” Será que a gente faz em português? Por que não?!... E aí rolou e continua assim.
Douglas ou Reginaldo(não consegui identificar a voz): E também tem esse detalhe, nenhuma música foi traduzida pro português ou para o inglês. Sempre compomos na língua que elas são.
Hélio: Por isso que elas são diferentes. Se você pegar o Vanguart inglês e português são duas bandas diferentes. A gente tem que aprender a compor mesmo, arranjar e tudo.

Gomes: E na revista Outra Coisa, Hélio, você comentou que o álbum The Noon Moon representava o que era o Vanguart.
Hélio: É dá pra entender aquele Vanguart. O que mudou vocês vão saber no próximo ano, com nosso próximo disco. (Muitos risos)
Não, o disco nem saiu, nem vai sair.
Mas é basicamente isso. A gente... Só isso.

Sarah: E teve uma viagem que você fez pra Bolívia, foi antes ou depois de formar o Vanguart como banda?
Alguém grita: Foi antes!
Sarah: E o que você trouxe de bagagem que ajudou a compor a banda?
Hélio: Licitas ou ilícitas?
Sarah: Fica a seu critério responder, eu não me responsabilizo.
Hélio: Eu me lembro que eu trouxe alguns alucinógenos, eu trouxe uma planta originária ali do altiplano, que eles chamam de “Chi cha chan”
Reginaldo grita: A mostarda!
Hélio: Além da mostarda, uma mostarda maravilhosa, da marca Kris, com K, que vende só em La Paz, e é maravilhosa, você pode comer ela pura, ou com arroz, fica uma delicia.
Eeee... Artisticamente falando, eu trouxe canções. Porque eu fiquei lá exilado 9 meses, não tinha nada pra fazer a não ser ficar louco e escrever músicas. Ai eu voltei com essas coisas e falei “Ah, vamos tocar”.
David: Ainda bem que é rádio universitária, se fosse rádio católica ia ser complicado.
Hélio: Mas é isso aí.

Gomes: Eu tava olhando no blog de vocês e eu vi a promoção da gaita. A gaita do Hélio Flanders. Pra quem fizesse um vídeo levava...
Hélio: A promoção está rolando... Is rolling.
Gomes: Ah, é até primeiro de juLHO?!!
Hélio: Os vídeos estão chegando. A gaita é essa, eu vou usar até o dia, porque é assim, se eu der uma gaita muito usada... É foda!
Reginaldo ou David (não lembro) grita: Nojeeeeeeeeeeeeento!
Hélio: É nojento e ela desafina. E essa é nova assim, eu usei ela poucas vezes e ainda ta afinada. Não vou dar uma gaita desafinada pro cara, né?!
A promoção está rolando, mandem os vídeos.
Gomes: E vem com um encarte, como tocar gaita como Hélio Flanders?
Hélio (meio tímido): Nãã, éééé. Pra tocar gaita como eu é só fazer pra frente e pra trás. “Fon fon”. Já era, só isso! É muito simples, gaita é só assoprar.
Um dia eu vou aprender a tocar também.

Gomes: Muito obrigada pela presença de vocês. Por disponibilizar esse tempo, aqui... Espero que vocês voltem pra Maringá.
Sarah: É isso mesmo gente, muito obrigada, foi um prazer ver vocês.

Gomes: Queria aproveitar e agradecer a presença da nossa cinegrafista Mayara Gasparoto, nosso fotografo Zuba Ortiz.

Hélio: Bom, eu queria agradecer vocês pela gentileza e simpatia. E eu queria que se possível essa entrevista fosse editada, porque você sabe, né?! É foda!
E dizer que é isso rapaziada, façam música, escrevam suas próprias músicas, fiquem doidos só no fim de semana e vamos lá!

Aproveitando os agradecimentos, gostaria de agradecer a Jany Lima do Programa Credencial, que foi super simpática com a gente. Também ao produtor da banda que liberou a entrevista, e claro, ao querido sr. Flávio Silva pela correria.
Ah, sem esquecer da presença da banda Charme Chulo que confirmou entrevista na rádio ao vivo dia 26.
Um beijo a todos!